Maria, Mãe Santíssima, ajoelhada dinate de vossa Santa presença eu Vos peço: na impossibilidade de amar com o altruísmo que amaste o seu Santo Filho, limitada e incapaz de ser tão generosa quanto fostes, ensina-me a amar com a grandeza de seu coração puro e me deixa ser uma mãe...
Singular, para me distinguir em meio a raça humana como única e inconfundível aos olhos dos filhos meus;
Sublime, para superar a limitação da própria humanidade e transceder ao comum, sendo luz no caminho dos que gerei;
Especial, porque cada um consegue ser, isso a sua maneira e as circunstâncias que as cercam, para que os nascidos de mim possam me olhar com orgulho;
Valente, para encarar a vida no cotidiano como se fosse o recomeço constante do exercício de ser feliz, sem medo de enfrentar o reverso da moeda;
Frágil, para asssumir as contigências naturais que me acompanham e tremer de medo de ser rejeitada, ao ser injusta com os que gerei;
Contestadora, para indagar, interrogar e não me conformar com respostas curtas e tolas que possam me distanciar das verdades escondidas nas falas apressadas dos que pari;
Apaziguadora, para transbordar mel por entre os dedos, palavras, gestos e neutralizar as guerras, as contendas, as discussões geradas por nossas diferenças;
Transparente, transmitindo, inspirando e respirando sentimentos sem mascarar o olhar capaz de ver além do que os olhos enxergam;
Versátil, capaz de ser muitas numa só imagem, num só momento, para atender os meus rebentos em todas as suas necessidades;
Acomodada, para depor as armas e me instalar num pacífico repouso até a próxima batalha entre nossos desacordos;
Compreensiva, para atender os silêncios e ler nas entrelinhas os estranhos códigos de meus adolescentes, mas acima de tudo respeitar as nossas diferenças;
Prática para separar o joio do trigo e ser capaz de organizar o caos natural na relação mãe e filho;
Sensível, com todos os sentidos em alerta e mais alguns: sexto, sétimo e o que for surgindo, dependendo da necessidade da situação, para proteger meus filhos dos perigos externos;
Misteriosa, essência das essências extraordinárias da natureza; uma translúcida presença, cuja estranha magia envolva, fascine e encante, completando um círculo invisílvel e atando os laços, desfaça todos os nós que possam tumultuar nossa convivência diária;
Porque ser mãe é ser todos os dias a especial imagem da ternura humana em forma de carinho, amor e poesia.
Maria ensina-me a ser MÃE...
Publicado em Recanto das Letras
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